Enquanto a maior parte da indústria musical ainda opera sob o modelo de lançar disco e sair em turnê, Miley Cyrus escolheu um caminho diferente, e mais pessoal. Em entrevista concedida nesta terça-feira (15) ao Good Morning America, da rede norte-americana ABC, a cantora foi direta ao explicar por que, mesmo com um novo álbum no mercado, não pretende se apresentar mundo afora. “Tenho a capacidade física, tenho as oportunidades. Mas não tenho vontade. E não acho que exista uma infraestrutura emocional e profissional que realmente apoie os artistas hoje”, afirmou.
A declaração, embora incisiva, está longe de ser apenas uma recusa ao show business. É o reflexo de uma artista que amadureceu diante das câmeras e agora reposiciona sua carreira com base naquilo que considera essencial: saúde mental, estabilidade emocional e sobriedade.
A estrada cobra caro, e não é só fisicamente
Ao longo da conversa com o programa matinal da ABC, Miley expôs os bastidores que muitos preferem evitar. Mais do que o cansaço físico da estrada, a cantora falou sobre os impactos psicológicos que uma turnê internacional pode desencadear. “É difícil manter a saúde mental. Você está em um palco com 80 mil pessoas gritando seu nome, sentindo uma quantidade absurda de amor e adrenalina. E, quando tudo acaba, aquilo se quebra. Você começa a acreditar que o amor de uma só pessoa não é mais suficiente”, desabafou.
Essa gangorra emocional, somada ao desgaste de viver em trânsito constante, é para Miley um gatilho perigoso. Ela mesma admitiu que a vida na estrada é incompatível com a sobriedade que tanto lutou para conquistar. “Manter-se sóbria nesse ritmo é algo que nem todos conseguem. Prince, por exemplo, viveu uma intensidade enorme, e não está mais aqui. Eu não quero repetir esse ciclo”, disse, mencionando o ídolo como um alerta.
Disco novo, identidade renovada
Mesmo sem turnê, Miley Cyrus não está longe dos holofotes. Lançado no fim de maio, Something Beautiful é seu nono álbum de estúdio e marca uma fase mais introspectiva e conceitual da artista. Com 13 faixas, o projeto mergulha em referências pessoais e culturais, do álbum The Wall, do Pink Floyd, ao terror estilizado de Mandy (2018), estrelado por Nicolas Cage. “Quis fazer meu próprio The Wall, mas com um guarda-roupa mais glamouroso e cheio de cultura pop”, contou ela em entrevista à revista Harper’s Bazaar.
O álbum ganhou também uma versão visual, disponibilizada no Disney+, e foi fruto de meses de trabalho intenso no estúdio. “Nada do que eu criei seria possível sem a forma como penso o mundo”, disse a artista, que participou de todos os processos criativos do projeto.
Reinvenção em curso
Mesmo afastada dos palcos, Miley não se distancia do reconhecimento. Recentemente, foi anunciada sua inclusão na Calçada da Fama de Hollywood, um marco que celebra não apenas sua carreira musical, mas sua trajetória multifacetada como atriz, produtora e personalidade da cultura pop global.
Assista a entrevista:
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