Nesta quinta-feira, 28 de agosto, Sonia Abrão, jornalista e apresentadora, saiu em defesa da atriz Taís Araújo, intérprete de Raquel no remake ‘Vale Tudo‘ (TV Globo), expondo sua visão pessoal após a personagem viver um momento complicada na trama: voltou a vender sanduíches na praia. Fora da novela, Araújo concedeu uma entrevista dizendo que gostaria de ver a moça em ascensão social e econômica e não voltando para o início.
“Eu achei a Taís Araújo extremamente profissional e muito elegante nessa entrevista. Ela não saiu esculhanbando, não. Ela colocou, com toda a razão, pela personagem dela que era a estrela da trama, ter sido praticamente podada. Acabaram com a Raquel. A Taís, não sei se vocês lembram, entrou na novela com uma Raquel um pouco diferente da interpretada pela Regina Duarte, na primeira versão, mas igualmente boa”, iniciou Sonia Abrão, rasgando elogios ao trabalho da atriz.
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Sonia Abrão prosseguiu sua argumentação em defesa da atriz: “Ela estava segurando e foi uma grata surpresa para todo mundo, que não sabia o que viria por aí dessa nova Raquel e ela entregou bem. Mas tem essa declaração dela que é fundamental, é frustrante, é de ficar triste”.
Confira:
Entenda!
O comentário de Sonia Abrão ocorreu por que Taís Araújo concedeu a seguinte declaração, à revista Quem, do Grupo Globo, sobre a Raquel: “Esse momento da Raquel voltar a vender sanduíche na praia, confesso que recebi com um susto. Porque não era a trama original. Então, para mim, a Raquel ia numa curva ascendente. Quando vi aquilo, falei: ‘Ué, vai voltar para a praia, gente’. Aí eu entendi e também falei: ‘OK, mas ela está escrevendo uma parte da história’. Vamos embora fazer”, iniciou a atriz.
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“Também tinha a esperança disso e gostaria muito de vê-la assim. Como mulher negra, como artista negra, de ver uma outra narrativa sobre mulheres negras”, expressou Taís, que ainda relembrou quando o roteiro da Raquel chegou na sua mão antes das gravações começarem.
“Quando peguei a Raquel para fazer, falei: ‘Cara, a narrativa dessa mulher é a cara do Brasil. E ela vai ter uma ascensão social a partir do trabalho. Vai ser linda e ela vai ascender e ela vai permanecer’. Isso vai ser uma narrativa muito nova do que a gente vê sobre representação da mulher negra na teledramaturgia brasileira. Quando vejo que isso não aconteceu, como uma artista que quer contar uma nova narrativa de país, e a dramaturgia proporciona isso, confesso que fico triste e frustrada”, expressou a famosa.
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Na entrevista, Taís deixou claro que o país inteiro que ver a Raquel na narrativa de crescimento financeiro: “É urgente que a gente se veja nesse lugar. E acho que a Raquel tinha todas as possibilidades da gente contar essa nova narrativa dessa mulher. E quando li, pensei: Ai, meu Deus, não vai ter? Não, não vai ter’. Tenho que lidar com a realidade que me cabe, que é a de uma intérprete, de uma personagem, que não é escrita por mim”.
Araújo demonstrou que não vai deixar de defender a Raquel: “E com respeito enorme a todas as mulheres que Raquel representa, vou até o final defender essa personagem porque acredito nessa mulher. Acredito nessa mulher negra que trabalha para manter uma família, que acende socialmente, que se dedica, que é uma mulher séria, capaz, competente”.
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A artista reforçou que quer ver a Raquel ascendendo na trama: “Ela não ia ficar chorando, ela ia levantar e trabalhar. É o que as mulheres desse país fazem. As que estão na base da pirâmide. Elas levantam e são bravas, são valentes, são corajosas, elas vão trabalhar. Eu gostaria muito que a Raquel tivesse uma curva ascendente, poderosa, que a batalha dela fosse outra e não a batalha pela sobrevivência”.
Taís demonstrou que se alia com o público nesta questão: “Estou vendo tudo que as pessoas tão falando, tá, gente? Vendo, escutando, lendo, entendendo. Me alio para caramba com vocês nesse sentimento. Inclusive, às vezes de frustração. De querer um outro movimento. Gostaria muito mesmo que a batalha que ela tivesse, o conflito em si, fosse de outra ordem. Conflitos éticos com Odete, por exemplo. E aí quando não tem, a gente tem que lidar com o que tem. E o que tem é isso”.
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Araújo rasgou elogios a personagem e revelou o seu desejo: “Raquel é um exemplo de mulher. Ela é um exemplo para mim. Sempre vou deixá-la absolutamente humana e ainda falta novela aí. Torço para que ela consiga reverter a situação, que ela consiga se estabelecer financeiramente, colocar em prática tudo o que ela tanto fala e se dedica”.
Taís Araújo relatou que espera que a narrativa de Raquel seja repensada: “Espero realmente que a vida devolva a ela o que ela dá para a vida. Porque aí a gente vai ter uma narrativa que é muito interessante. Aí a gente vai ter uma narrativa que acho ser uma narrativa contemporânea. Está na hora da gente ver a população negra nesse lugar. A vida do empreendedor não é fácil. Mas a gente conhece muitas histórias de sucesso. E para além das histórias que a gente conhece, a ficção, ela serve para a gente se sentir possível, para sonhar. Ela tem um trabalho de responsabilidade sim na construção da narrativa, de um país. E como o país entende um povo. Então, acho que é sobre isso também”, finalizou.
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