A Polícia Civil do Rio Grande do Sul prendeu, na manhã desta terça-feira (16), um hacker de 26 anos acusado de ser a principal “fonte” de dados vazados de sistemas governamentais e de segurança, incluindo da Polícia Federal. Ele é apontado como responsável por fornecer informações utilizadas por criminosos em fraudes em todo o Brasil — inclusive para o homem que ameaçou o youtuber Felca em agosto.
Segundo a investigação, o suspeito tinha acesso a bases extremamente sensíveis, incluindo sistemas da Polícia Federal com dados de investigação, reconhecimento facial e controle de voos domésticos e internacionais. Ele também afirmava ter “dumpado” 239 milhões de chaves Pix, extraídas de um arquivo de 460 GB obtido a partir do sistema do Poder Judiciário.
Segundo o delegado Eibert Moreira, as funções no esquema eram bem definidas:
Hacker: responsável por invadir sistemas governamentais e obter dados pessoais Painelistas: compram os dados do hacker e oferecem as informações em grupos de Telegram (cobrando dos golpistas taxas mensais para fazer parte dos grupos) Golpistas: compram dos painelistas o acesso às informações das futuras vítimas de inúmeros golpes A investigação apontou que o hacker chamado de “Jota” cobrava uma mensalidade de 1000 reais por cliente para fornecer as informações.
Já “Menor”, um dos painelistas, cobrava 50 reais por cliente para fornecer o bot no grupo. “Menor tinha mais de 200 grupos então ele fazia mais ou menos 10 mil reais por mês, só neste esquema”, explicou o delegado.
A prisão ocorreu durante a terceira fase da Operação Medici Umbra, batizada de “A Fonte”, que cumpriu três mandados de prisão preventiva e três de busca e apreensão em Pernambuco, Rio Grande do Norte e São Paulo. Mais de 50 policiais participaram da ação.
Segundo a polícia, os dados eram revendidos para intermediários que criavam plataformas clandestinas de consultas e abasteciam golpistas em diferentes estados. Em São Paulo, um dos presos desta terça-feira era responsável por aplicar diretamente as fraudes; no Rio Grande do Norte, outro alvo desenvolveu um sistema de “puxadas” em grupos de WhatsApp.
O hacker preso também teria fornecido informações a criminosos investigados em fases anteriores da mesma operação e em outras ofensivas contra o cibercrime. Entre eles está o hacker conhecido como “Lammer, F4llen ou Lucifage”, preso em agosto em São Paulo, suspeito de liderar um grupo que, além de ameaçar o youtuber Felca, compartilhava arquivos de pedofilia e fazia apologia ao nazismo.