Havia uma eletricidade diferente no ar da Cidade da Música na noite desta sexta-feira (12). Uma expectativa que misturava ansiedade, reverência e a promessa de um reencontro aguardado. No The Town, um festival que celebra o presente e o futuro da música, a noite de sexta-feira foi dedicada a provar que o verdadeiro pop não tem idade. E para essa missão, não haveria embaixadores melhores que os Backstreet Boys. No Palco Skyline, a boy band mais bem-sucedida da história não fez apenas um show; eles oficiaram uma cerimônia de comunhão musical, entregando uma performance magistral que validou seu lugar no panteão das lendas.
Uma viagem no tempo
O espetáculo começou com uma pontualidade britânica e um impacto avassalador. As luzes se apagaram, o telão exibiu um vídeo com imagens icônicas de sua carreira e, então, a silhueta dos cinco membros surgiu no palco ao som inconfundível de “Everybody (Backstreet’s Back)“. Foi o estopim para uma explosão de euforia. Vestindo ternos brancos elegantes, que contrastavam com o palco high-tech, o grupo demonstrou desde o primeiro passo de dança que a noite seria uma viagem impecável pela memória afetiva de milhões.
O que se seguiu foi uma aula de como construir um setlist perfeito. A energia pulsante de “Larger Than Life” deu lugar ao romantismo de “As Long As You Love Me” e à melancolia de “Show Me the Meaning of Being Lonely“. O público funcionou como um sexto membro, cantando cada palavra, cada verso e cada ad-lib com uma precisão impressionante. As coreografias, que parecem estar no DNA de toda uma geração, foram executadas com a mesma energia e carisma que os consagraram nos anos 90, provando que a dedicação à arte do entretenimento é uma marca do grupo.
Carisma de ídolos pop
Um dos maiores trunfos da noite foi a performance vocal. Em uma era dominada por efeitos e backing tracks, ouvir as harmonias de AJ, Howie, Nick, Kevin e Brian ao vivo foi um lembrete poderoso de seu talento. O show teve um momento particularmente especial quando o palco se tornou mais intimista para um set acústico. Sentados em bancos, com violões em punho, eles entregaram versões despidas de “Quit Playing Games (With My Heart)” e “Shape of My Heart“, onde a qualidade e o encaixe de suas vozes brilharam de forma absoluta, silenciando a multidão que ouvia em estado de graça.
Entre os blocos musicais, o quinteto mostrou a cumplicidade de uma amizade de décadas. Com piadas, lembranças e interações constantes, eles criaram uma atmosfera calorosa e pessoal. “São Paulo, nós viemos ao Brasil por quase 30 anos”, disse Kevin Richardson, com a voz embargada pela emoção. “Olhar para vocês e ver o rosto de fãs que cresceram com a gente, e agora trazem seus filhos… isso não tem preço. Vocês continuam sendo um dos melhores públicos do mundo. Obrigado!”.
A prova da relevância intergeracional
Olhar para a plateia do show dos Backstreet Boys era entender o alcance do fenômeno. Grupos de amigas que, hoje nos seus 30 e 40 anos, recriavam as coreografias da adolescência; pais emocionados ao lado de seus filhos adolescentes, que descobriram as músicas através de playlists e redes sociais; e jovens que, mesmo sem ter vivido o auge do grupo, foram contagiados pela força atemporal das canções. A apresentação provou que a banda ultrapassou a barreira da nostalgia para se tornar um pilar da cultura pop, cujas melodias e harmonias são tão eficazes hoje quanto eram em 1999.
O clímax da noite, como não poderia deixar de ser, veio no encore com “I Want It That Way“. Antes mesmo do primeiro acorde, a introdução foi cantada a plenos pulmões pela multidão, que iluminou toda a Cidade da Música com as lanternas dos celulares, criando um cenário deslumbrante. Foi a imagem perfeita da noite: um momento de união e celebração que resumiu o poder da música. Os Backstreet Boys não vieram ao The Town para reviver o passado; vieram para provar que ele é, e sempre será, parte fundamental do nosso presente.
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Jornalista, publicitário e diretor de jornalismo do PopNow, trabalha na área há 10 anos. Amante de música Pop e uma boa leitura, já foi a tantos shows que nem consegue lembrar. Já cobriu eventos como Rock in Rio, Lollapalooza Brasil, conheceu o Papa e busca o sucesso do portal.
