O LatinPop Brasil foi fundado em 2015 por uma mulher, cis, branca, mãe e um gay. O que isso tem a ver com música? Nada. Mas tem tudo a ver com a nossa identidade, nossa essência e, consequentemente, nossas lutas. O combate à violência contra a mulher, o feminismo, a homofobia, diversidade sexual e todas as causas inerentes à comunidade LGBTQIA+ estão nas nossas cores e nas nossas pautas de vida.
Certa vez, recebemos a orientação para sermos apolíticos. E, quiçá, menos aguerridos quando as questões estão além da música. E, aqui, eu começo um relato em primeira pessoa. Não existe jornalismo, profissão na qual sou graduada há 20 anos, sem política. Não existe música sem política, não existe vida sem política.
E não falo da política partidária. Falo da política como ideologia, de fato. De valores.
Do meu lugar de fala, de vivência, a luta por um mundo igualitário, livre e sem violência para as mulheres é a pauta número 1 da minha vida. Então, quando infelizmente surge uma pauta que une a Priscila cidadã e a Priscila profissional não há silêncio. Nem panos. Sobram, claro, ataques. Desses covardes, feitos anonimamente, à sombra das DMs. Afinal, ninguém quer ser exposto se, no fim das contas, o que parece mentira tiver um fundo de verdade. Ninguém gosta de ficar do lado errado da história.
Sempre que bater à nossa porta qualquer tipo de denúncia feita por mulheres, ela vai ganhar eco. No condicional, é óbvio, pois não é meu papel julgar ou condenar alguém, menos ainda em um caso em que nomes não foram citados e tudo está bem embaralhado. São muitas hipóteses, nenhuma conclusão. Mas se esperam do LatinPop Brasil a ignorância (no sentido de ignorar e partir para a próxima), eu devo informar que jamais terão esse conforto por aqui.
Nem mesmo quando se trata de um fandom cotidianamente querido e igualmente agressivo quando mexe com um dos seus. Mesmo quando venha, supostamente, de alguém a quem eu, particularmente, admiro.
É possível que o caso morra em um acolhedor esquecimento patriarcal ao acusado e sua base de fãs.
É possível que tenha sido uma jogada suja de quem acusa.
É possível que tudo seja verdade.
E se for verdade, não vou levar nas costas o peso de não ter tido empatia com um par.
Vou continuar acompanhando o tema em questão minuciosamente. E tratando cada desdobrar com o cuidado e atenção que merecem, mas – de novo – sem pano algum na mão.
Lembrem-se: violência contra mulher não tem fandom.