Forbes e Condé Nast (dona de Wired, Ars Technica e outras publicações) acusam a empresa de inteligência artificial Perplexity AI de violar direitos autorais. Segundo as empresas, o robô ignora configurações que deveriam impedir que seus conteúdos fossem usados. O serviço também não teria dado crédito aos sites, mesmo após usar reportagens exclusivas.
A questão entre IA e copyright vem se arrastando nos últimos meses, com diferentes desdobramentos. O jornal The New York Times, por exemplo, processou a OpenAI. Já outras companhias de mídia — como Financial Times e Associated Press — fecharam acordos de licenciamento com a desenvolvedora do ChatGPT.
Forbes não recebeu créditos por matéria exclusiva
Randall Lane, chefe de conteúdo da Forbes, acusou a Perplexity AI de plagiar uma reportagem exclusiva do site sobre um projeto secreto de drones do ex-CEO do Google Eric Schmidt. A ferramenta chegou a usar ilustrações publicadas anteriormente pela revista.
Randall diz que a Perplexity AI não resumiu a notícia, como muitos sites fazem. Ela teria usado “frases estranhamente similares” e “trechos inteiramente roubados”. Para piorar a situação, o chatbot não mencionava a Forbes como fonte, exibindo apenas links para outros sites que repercutiram a matéria.
A inteligência artificial foi além: ela transformou o conteúdo em podcast e o publicou no YouTube. Eles aparecem antes da Forbes nos resultados de busca do Google.
Segundo o site Axios, MariaRosa Cartolano, conselheira geral da Forbes, enviou uma carta à Perplexity AI acusando a empresa de roubar textos e imagens, o que seria uma violação dos direitos autorais da publicação.
A revista quer receber os créditos das informações, a remoção dos links secundários e o reembolso dos valores que deixou de receber, bem como garantias de que isso não vai se repetir. Caso contrário, a Forbes vai processar a Perplexity AI.
Condé Nast diz que bloqueio não funciona
Outra acusação contra a Perplexity surgiu nesta quarta-feira (19). A Wired publicou uma reportagem dizendo que a empresa de IA ignora os protocolos de exclusão de robôs.
Esses protocolos são uma configuração do site para sinalizar que certas páginas não devem ser indexadas por buscadores ou lidas por ferramentas de inteligência artificial. As instruções ficam em um arquivo chamado robots.txt. A própria Perplexity AI ensina, em sua documentação, o que o dono do site deve fazer para “avisar” o robô e impedir que ele leia a página.
O problema, segundo a Wired, é que isso não está funcionando. A reportagem identificou uma máquina ligada à empresa de IA coletando conteúdos de publicações da Condé Nast, como Wired, Ars Technica, GQ, Vogue e muitas outras.
A revista também diz que o chatbot da Perplexity praticamente copia suas reportagens, parafraseando o material completo, sem dar créditos. Em outros casos, ele cria resumos imprecisos e gera afirmações falsas.
O que diz a Perplexity
Aravind Srivinas, CEO da Perplexity AI, publicou uma nota em resposta à Wired. Ele diz que as perguntas feitas pela revista refletem “uma profunda e fundamental incompreensão” de como o chatbot e a internet funcionam. Ele não negou as acusações de que o chatbot da empresa acessa páginas que não deveria.
No X (antigo Twitter), Srivinas respondeu às acusações de plágio da matéria da Forbes. Ele afirma que esta é uma nova “funcionalidade do produto”, que ainda tem algumas “arestas”. O CEO também disse que a Perplexity ajuda a aumentar a audiência dos sites. A Forbes discorda: segundo a publicação, os leitores vindos do chatbot representam apenas 0,014% do seu público.
Com informações: Axios, Forbes, Wired